quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Ciro Gomes e Eduardo Cunha esquecem brigas antigas e dividem mesmo palanque


Ciro Ferreira Gomes nunca foi coerente. Por isso, não causa nenhuma estranheza seu apoio ao PMDB do Rio de Janeiro nesta eleição municipal. É mais um vexame para sua carreira político-partidária a qual ele próprio já definiu como “um desastre”. Vamos ser claros: o mais pomposo – e louco- da família FG subiu no palanque que o deputado Eduardo Cunha. Ambos apoiam o mesmo candidato a prefeito do Rio de Janeiro: o deputado Pedro Paulo.

O Ceará já sabe que Ciro é inconfiável e ingrato. Ele surgiu na política pelas mãos do pai em Sobral, na Arena, o partido da ditadura militar. Logo depois, migrou para o PMDB. A partir daí, aproximou-se do tucano Tasso Jereissati que lhe deu projeção estadual ao fazê-lo prefeito de Fortaleza e depois governador do Ceará. Tasso foi além. Como presidente nacional do PSDB, indicou Ciro ministro da Fazenda na fase final de implementação do Plano Real.

Ciro aproveitou a onda. Enquanto a equipe econômica trabalhava, ele concedia entrevistas para aparecer como “consolidador do plano”. Resultado: logo os tucanos perceberam que nenhuma missão poderia ser conferida a ele. Sem espaço no governo Fernando Henrique Cardoso, Ciro resolveu se filiar ao PPS, ex-PCB (Partido Comunista Brasileiro). Tudo caso pensado. Seu objetivo era, na verdade, ser candidato a presidente da República anos depois.

Foi o que fez. Auto de proclamando “uma alternativa para o Brasil”, Ciro tentou se vender como novidade em 1998. Ninguém deu bola naquela época. Em 2002, repetiu a dose. Fez tanta trapalhada na campanha que seus aliados – e até seus parentes - passaram vergonha. Quem não se lembra que ele chegou a dizer que a atriz e companheira Patrícia Pillar tinha como função na campanha “dormir com ele”? Ali Ciro mostrou seu machismo e rudeza.

Também pudera. Ciro havia passado o primeiro turno fazendo campanha ao lado de ninguém menos que Antonio Carlos Magalhães, o Toninho Malvadeza. Sobre isso, vale lembrar a desagradável entrevista que concedeu a uma rádio na Bahia. Ao ser questionado por um ouvinte exatamente sobre sua aliança com ACM, CFG partiu para o ataque contra o cidadão soteropolitano xingando-o de “burro”.

No segundo turno em 2002, com seu oportunismo característico, Ciro fechou um acordo para apoiar o favorito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o azarão José Serra (PSDB). Havia poucos dias, ele acabara de dizer que Lula não tinha capacidade nem experiência para governar. Mudou de ideia rapidinho ao ganhar a promessa de que seria nomeado ministro em caso de vitória do petista. Mais pragmático, fisiológico, improvável.

E assim ocorreu: Ciro virou ministro da Integração Nacional. De imediato, resolveu colocar em prárica seu ambicioso projeto de transposição do Rio São Francisco. Como sabemos hoje, apesar da montanha de dinheiro gasta, o velho Chico continua o velho Chico. Ao mesmo tempo, brigou com o PPS e migrou para o PSB, onde foi recebido com tapete vermelho por Eduardo Campos. Mas não foi suficiente. Ele queria mais. Sempre mais.

Brigou com Eduardo Campos em 2010 porque, apesar de ter apoiado o governo Lula, queria ter sido candidato a presidente da República contra Dilma Rousseff (PT). No meio do caminho, chegou até mudar seu domicílio eleitoral para São Paulo. Não se sabe o porquê, mas Ciro acreditou que o ex-presidente poderia apoiá-lo para concorrer a governador por aquele Estado ou até mesmo para o Planalto. Eduardo Campos adorava caçoá-lo por isso, dizendo que Ciro já se imaginava subindo a rampa do palácio ludibriado pelas palavras de Lula.

Com Dilma eleita, os FGs não hesitaram em colocar um dos seus no Ministério. Assim, Leônidas Cristino, ex-prefeito de Sobral, ganhou a cadeira de ministro da Secretaria de Portos. Até aí, não havia nenhum problema Michel Temer ser o vice de Dilma. Nenhum mal estar. Sem chances de ser o candidato em 2014, os FGs resolveram sair do PSB e embarcaram no nanico Pros, partido inventado por um ex-vereador de Planaltina de Goiás.

Com Dilma reeleita, Cid, o irmão caçula do Ciro, virou ministro da Educação. Durou apenas dois meses e meio no cargo. Ciente de que o governo Dilma não acabaria bem, resolveu arrumar uma briga com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Numa sessão da Casa, xingou–o de achacador. Antes mesmo de acabar a sessão, foi demitido por telefone. Ciro não só aplaudiu o irmão como também fez coro com o caçulinha.

E agora mais essa: Ciro vai apoiar Pedro Paulo, o candidato de Cunha no Rio de Janeiro. Faz isso por puro pragmatismo: como quer ser candidato à presidência pelo PDT, Ciro resolveu apoiar Pedro Paulo porque o vice dele é do PDT. Coerência? Nenhuma. Vergonha na cara? Bem.. isso ele já perdeu faz tempo. Ou talvez nunca teve. Nem sequer cumpriu a promessa feita a seu pai de que jamais trairia Tasso. Não é, senhor Ciro Ferreira Gomes?

(CN7)

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